Por que alquimia?
- Lari Zaqueo

- 5 de nov.
- 2 min de leitura

Na antiguidade a alquimia era uma prática que reunia diversos saberes, como química, filosofia, espiritualidade e misticismo. O processo alquímico era repleto de simbolismos e etapas (calcinação, dissolução, separação e união dos opostos) para criar algo totalmente novo e superior. O maior objetivo da alquimia era a pedra filosofal, que transformava chumbo em ouro e possibilitaria a vida eterna.
Embora os tempos sejam outros, preservamos desejos e hábitos dessas sociedades antigas. Nos últimos anos atendendo com tarot e trabalhando esporadicamente com terapias energéticas, tudo que eu mais ouvia era relacionado à prosperidade (trabalho, dinheiro), beleza (amor, viagens) e filhos - uma das formas mais próximas de garantirmos que algo de nós alcance uma vida maior do que a nossa própria existência.
A jornada a que me propus - de expandir minhas práticas espirituais e terapêuticas para chegar a outras pessoas - é um reflexo e parte de um movimento que desenvolvo há alguns anos, um autoconhecimento que ultrapassa os limites impostos por dogmas rígidos. Onde a proposta foi romper aquilo que compõe a subjetividade, eu ousei me permitir o caminho do meio. E foi assim que eu descobri a integração, ou seja, a alquimia de mim mesma.
Gentilmente tenho aceitado e incorporado o papel de mestre (para além dos meios acadêmicos) e me permitido abrir mão dos meus julgamentos ao trabalhar com diversas mulheres que se encontram comigo e meus mentores. Canalizados entre técnicas holísticas e cartas de tarot. E testemunho a alquimia de outros: o sofrimento se torna sabedoria, os medos são trabalhados para dar lugar ao cuidado e a teimosia se abre para tornar-se perseverança. Observo mulheres se tornando alquimistas de si mesmas ao permitir conectar-se com os mistérios da espiritualidade, as frequências e energias que curam, as palavras e memórias que nos permitem acolher no ontem e no hoje.
E é através dessa transformação que podemos aceitar a raiva e a bondade, ver e agir com coragem mesmo sentindo medo. O chumbo pesado torna-se ouro reluzente e denso quando nos abrimos e nos permitimos esse lento processo de tornar-se autêntica de uma nova forma, que nos permite traçar e caminhar novos caminhos.
A alquimia é então uma escolha consciente. Algo de Hermetismo e antiguidade, em uma sociedade pós-industrial e individualizada. Em um período em que o "valor" diz respeito somente ao aspecto financeiro de algo, qual é o recurso disruptivo que podemos tirar de uma existência e processo de transformação consciente? Qual é o movimento interno que podemos fazer frente às dificuldades impostas pela vida, que engrandece nosso espírito, de forma lenta e gradual, em contraste com as superações abruptas requisitadas?
No fim, aquelas pessoas que se propõem a visitar as próprias sombras e refletir entram em contato com o mercúrio de si mesmas (a mente, o deus - também conhecido como Hermes e o elemento, tudo em um); para transformar antes de qualquer coisa espírito (enxofre) e corpo (sal). Esses são princípios da alquimia.

Comentários