Húbris e o trabalho com os deuses gregos.
- Lari Zaqueo

- 9 de nov.
- 2 min de leitura

Minha relação com o divino é um caminho repleto de buscas e crises de identidade. Há seis anos, eu era uma umbandista em conflito com as origens embranquecidas da religião, pedi a Exu que me reconectasse com minha própria ancestralidade, para me afastar daquela sensação de 'roubo' cultural. A resposta veio de forma inesperada: um sonho vívido com Apolo, confirmado por uma amiga helenista, que abriu as portas para um diálogo com os deuses gregos. O que começou como um chamado isolado se tornou uma missão quando Hermes me orientou a criar ferramentas e sistematizar conhecimentos, dando origem à nova fase da Alquimia da Lari. Agora, ao mergulhar de vez no Helenismo, entendo que Hubris (conceito da cultura grega que representa a arrogância desmedida que desafia os deuses) se tornou uma vigilância constante no meu próprio caminho espiritual, fruto do aprofundamento nos estudos.
Sempre me perguntam como começar a cultuar os deuses, o que eu respondo: Com respeito e humildade. Recentemente, nos estudos, vejo que canalizava ritos muito próximos aos tradicionais, com adaptações que faziam sentido às limitações que tinha. Isso porque sou uma médium bastante experiente e sempre preferi perguntar em meditações e pedir por sinais do que cair em armadilhas do meu ego. É em algo assim que alguns praticantes cometem o erro sinistro de acharem que as divindades trabalham para eles, e não o contrário. Isso é Moisira, a negação dos limites humanos.
Talvez você já tenha ouvido a história de que dizer a alguém "Você é mais bela que Afrodite" é uma forma de amaldiçoar, certo? Isso porque o ego humano é frágil à validação e aos elogios. Basta um para acreditarmos que realmente somos a última bolacha do pacote. Nesse caso, tanto quem comenta algo assim - na intenção de ferir seu inimigo - quanto quem aceita e acredita estão tomados pela húbris. E o que acontece, com quem permite que a arrogância suba à cabeça? A punição por Nemêsis, a deusa da vingança divina. A mitologia está repleta de avisos sobre esse desequilíbrio. Basta lembrar de:
Édipo: Sua arrogância em acreditar que poderia escapar do oráculo dos deuses (de que mataria o pai e se casaria com a mãe) é uma forma de Húbris. Sua queda é terrível.
Prometeu: Desafiou os deuses ao roubar o fogo para dar aos humanos. Foi punido por Zeus.
Aracne: Uma tecelã tão habilidosa que desafiou a deusa Atena a uma competição. Por sua Húbris, foi transformada em uma aranha.
Níobe: Orgulhou-se de ter mais filhos do que a deusa Leto e os insultou. Como punição, todos os seus filhos foram mortos.
Ainda, na tragédia grega, temos Agamenon e Ajax (Ilíada) que cometem atos de Húbris, e ganham uma longa peça narrando a inevitável e catastrófica punição que se abate sobre eles, servindo como um alerta para a audiência. Portanto, recomendo que evitar a húbris e se manter em posição de hospitalidade (que trarei em outro post), seja a melhor forma de iniciar o culto a uma divindade grega. Trace suas proteções, limpe seu espaço e corpo e ofereça um incenso e uma vela, para começar a convidar essa energia para a sua vida e criar uma relação no mínimo amigável com essas energias antigas.

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